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sábado, 6 de outubro de 2012

Vermelho

      Fechei os olhos. Estava estranho, com um sentimento amargo que não sabia de onde vinha. Me encontrei em um mundo sombrio, estava acordado, eu acho, mas aquilo parecia um sonho. Do meu lado estavam gigantescas árvores, árvores vivas, com um verde exuberante em suas folhas. Seus galhos se estendiam para além de cinco ou seis metros... E no outro lado, o mar... Tão selvagem, tão calmo. Tão assustador, tão lindo. Tão poderoso... E ao longe, estava uma torre. Uma torre enorme, que pela minha visão se media uns 60 metros. Todo vermelho, e bem em cima, tinha uma luz enorme que iluminava quase tanto igual a Lua iluminava aquela noite... Estava parado em uma rua de terra estreita. O vento batia e me trazia arrepios medonhos. O que era aquilo, que pensamento ou sonho seria este?
     Comecei a andar em direção ao farol. Algumas folhas secas caiam em meu caminho, fiquei apreensivo em pisa-las, mesmo secas, eram tão vivas...
     Chegando ao farol, eu percebi que não existia uma entrada. Demorei uns 10 minutos para dar a volta nele. E quando percebi que não existia mesmo uma entrada ouvi um grito. Um grito angustiante e triste. O que era aquilo?
Meus olhos se abriram, meu corpo tremia todo. O que foi aquilo? Onde eu estava? Quem gritou? Meu coração acelerou. Comecei a me acalmar, foi só um sonho... Mas porque parecia tão real? Porque eu conseguia sentir o vento batendo em mim? O que foi aquilo!?
     Longos minutos se passaram, e meu sono não voltara. Acendi a luz, e me olhei no espelho. E comecei a lembrar de coisas esquecidas. Tudo me voltava ao meu presente. Meus sentimentos estranhos que não encaixava no dos falados pela sociedade. Meus estranhos prazeres. Minha idiota, e estúpida obsessão por seus lábios. E que vontade que cresceu em mim, de derrubar essa porta, te procurar nos bares que costumávamos ir. À aquela pequeno empório no fim da Avenida Quatorze, onde te vi pela primeira vez. Você com aquele uniforme bege, e sua vontade imensa de sair dali, mandar seu chefe a merda e viajar. Me lembrei até do segredo que me disse após o primeiro beijo. E me vi vendo o farol vermelho novamente. Os gritos ecoavam em minha mente. Cadê você? Onde? Venha logo, me tire daqui. Venha logo, venha. Vamos fugir desse pesadelo. Onde está você?
Marcus James

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