Pages

Labels

terça-feira, 19 de março de 2013

Diamantes

 

 Querem me ouvir contar a mesma história, querem que eu expulse o caos dentro de uma mente pulsante e confusa... 
Mas o que não sabem é que não dá pra se contar uma mesma história quando não se é mais a mesma pessoa. Não dá pra voltar ao mesmo estado, quando tanto já se passou aqui dentro (e fora também). As pessoas são estranhas, querem me ver cometendo os mesmos erros, na esperança de já terem encontrado respostas pra mim... Me diz: Quem tem que viver afinal, sou eu ou elas por mim?
 Me desculpa estragar suas expectativas mundo, mas eu não sou mais a mesma. Eu não sou mais a mesma menininha que gostava de espantar os fantasmas debaixo das asas dos outros. Não sou mais a mesma criatura dependente de uma mentira camuflada sobre o amor. 
 Hoje sou muito mais ternura, e não temo ser roubada. Hoje sou muito mais sábia mesmo tendo sido tão revirada nos últimos meses. Isso me gera ainda, mais uma teoria: Quanto mais roubam e bagunçam a gente, mais bonito fica...   No final somos todos diamantes precisando ser lapidados.
 Pensando assim a vida fica até poética, afinal todos um dia brilharão.

 Então descubro que logo em mim, logo dentro de mim havia um punhado de certeza. É até engraçado de ver.

 Ouvi "Na volta o que era descida, vira subida". Subir cansa meus joelhos, ralados demais pra uma garota, me desculpe, mas eu escolho seguir em frente...


Beatriz Oliveira.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Bares, praias e um sorriso

Outra vez vou sair para ver o mar, tentar esquecer o dia em que o mundo voltou a girar. Viajar por horas, correr da civilização de luzes artificiais que me incomodam nas noites de outono... Depois de algumas horas ou dias viajando posso ver o mar com suas ondas tentando invadir a terra, tentando de todas as maneiras e persistentemente sem ao menos pensar em desistir, sabendo que um dia seu triunfo será eterno! O cheiro da água salgada me liberta do mundo civilizado, sinto uma alma selvagem e insaciável em mim. O sangue fervoroso pede adrenalina, pede algo que num sonho passado foi real. Um sonho que em noites quentes incomoda meu sono, vem lembrando de noites esquecidas... Posso sentir aquele vento salgado em meus olhos de nostalgia. Olhos sem medo, frios e medrosos... Ah, aquele vento me lembra coisas tão boas. Um dia sem medo, um dia tão apaixonado... Aquelas palavras doces que costumava dizer quando acordava ao lado de um sorriso tão belo que os sonhos começaram a ter uma certa inveja da realidade. Os sonhos de nada mais valiam, aqueles sorrisos indiscretos me fortaleciam a cada manhã... Acordava com uma sensação de querer cada vez mais, a minha obsessão por aquele sorriso e por aqueles olhares que me dava nas noites frias... Ah, aqueles olhares! Sua voz dizendo que os sonhos são a nossa realidade e que o que nós temos nada mais é do que nossa imaginação. Lembro-me bem de suas irritantes palavras quando me pedia para esquecer de tudo... E então o dia em que tudo começou a se tornar real demais... Os dias sem olhares começaram a serem desperdiçados em bares nas esquinas do Rio de Janeiro, em certas boates procurando uma voz e um sorriso. Passaram dias iguais a este... Até que um dia, numa bela praia afastada da civilização, aquela paisagem... Aquele lindo sorriso, vinha caminhando em minha direção... Havia algo diferente... Aquelas palavras... Aquela voz triste... E logo depois foi embora, dizendo adeus... Estar naquela mesma praia me trazia uma sensação tão boa e tão devastadora... Tantas palavras perdidas, tanto tempo, tanto amor. E hoje me sinto só, me sinto um nada, me sinto como nada vivesse em mim, nem ao menos saudade. O calor da areia me traz uma certa nostalgia... Talvez algo esteja voltando... Talvez um sorriso venha até mim pela manhã...
Marcus James

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

E agora meu bem?


 De vez em quando bate uma necessidade de ler qualquer coisa sobre um personagem atoa. Um personagem qualquer com uma mente tão louca quanto a minha. Um cara ou uma garota que tenha encontrado aventura num dia comum. 
 Que tal numa noite fresca topar com seu caminho, quem sabe o que te aguarda afinal? Confesso que ficaria feliz de me encontrar num personagem que se encontre. Um conforto pra mim que tenho andado meio perdida. Perdida e solta, tão solta que ainda não descobriu pra que lado ir...

 Existe uma vontade tão grande, receio quando a bomba explodir! No fundo a gente sabe o que deve fazer, mas não seria ruim ir fazendo até sem querer descobrir minha razão de ser. "Uau você por aqui razão? Realmente pensei que nunca te encontraria... E agora devo viver por você? Devo te realizar pro resto da vida?" Bom, acho que não. Acho que não quero encontra-la pra ter que vive-la até o fim. 

 Pelo menos não por enquanto, ainda prefiro fazer um pouquinho de tudo, mesmo que no fim inda não tenha feito nada por completo. 
De vez em quando bate um tédio, mais não um tédio comum. Um tédio do tipo: E agora meu bem?

Beatriz Oliveira.

domingo, 13 de janeiro de 2013

O último hoje

Entre, apague a luz. Venha, deite ao meu lado, conte como foi seu dia, desconte a raiva em mim. Quero ouvir sua voz, quero sentir teu corpo e saber que está olhando para mim. Se quiser, grite. Estarei ouvindo cada palavra tua. Me deixe louco. E depois com um modo louco de me seduzir, me faça perder o controle. Fique quieta, não pense. Quero-a toda para mim. Hoje serei seu escravo mais fiel, seu amante apaixonado. Faça de mim o que bem entender, hoje não estou mais preocupado com o amanhã, só quero te sentir. Seu corpo quente colado ao meu pelo suor frio me deixa em paz. E no escuro do meu quarto quero ser seu. Quero ter seu último sorriso, quero ter seu último beijo. Por favor, eu te peço, não se esconda de mim meu bem. Deite ao meu lado, conte como foi seu dia. Deixe-me com ciúmes e me beije dando risadas. Descanse a cabeça em meu peito, peça cafuné. Fale pela última vez como é bom dormir assim. Feche os olhos querida, sonhe comigo. Durma em meus braços. O dia nascerá nublado, flores... Velas... E eu ainda estarei dormindo.
Marcus James

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Alegrias antecipadas


 "Sobre o que transbordar, quando há tanto dentro de si? Como se permitir quando há tanto medo? Como se conter quando há tanta vontade? Não consigo expressar certezas, porque caminho com tantas dúvidas quanto podem existir dentro de um ser. Mas caminho, isso posso afirmar.
 Caminho e ao mesmo tempo espero, espero sem pressa e sem curiosidade. Espero pelas surpresas que novos dias me trazem e espero por sorrisos tão sinceros de uma alegria que se antecipa. Acho que é isso, vivo de alegrias antecipadas, alegrias tão incertas que são certas."

Beatriz Oliveira.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Transitamos

 Estamos o tempo todo cercados por informação. Mas nenhum tipo de atenção.
Ouvimos do vento o que gostariamos de ouvir de nossos pais. Falamos para árvores em pensamento e sentimos o sol como um abraço. Que mundo é esse onde as pessoas andam de fato sós?

 Eu penso o tempo todo, será que amor é transitar dentro de outro ser? Assim eu transito em você e você me transitas. Transitamos.
Penso ainda mais uma coisa, quantos podem transitar? Será que existe um limite de seres que transitam em nós? Será que existe uma permissão de fato, para que transitem?

 Porque tudo que restam sempre, são as questões. Tenho uma porção dentro de mim. Faz o seguinte amor, um dia, quando transitar em mim responde uma porção delas tá? Ou só me ame por dentro. Assim tenho certeza de que todas vão cessar.

Beatriz Oliveira.

Amoras

Ah, o som da chuva interrompe meu sono. Os barulhos dos trovões me dá medo. Escondo-me debaixo dos lençóis da minha cama pequena feita de uma madeira com um cheiro forte que me faz sentir-me tão bem quanto estar caminhando em um parque antigo com figueiras e eucaliptos por todos os lados. Deve ser feita de eucalipto... Acendo o pequeno abajur amarelo que ganhei do meu falecido avô, mas parece-me que a eletricidade caiu com a chuva. Sinto-me sozinho. Tento encontrar algo que ilumine em uma gaveta na estante do outro lado da minha cama. Com meu tato vou tentando encontrar e sinto algo cortante vindo de encontro com meu dedo indicador. Sinto o sangue quente escorrendo e como de costume, levo-o direto a minha boca. Sinto o gosto estranho e salgado do meu sangue em minha boca... O corte demora para se fechar, levanto e vou caminhando a procura do banheiro. Tropeço em algumas coisas que não sei distinguir e quase vou de encontro com o chão... Seguro na estante de livros na porta do meu quarto, sinto ela tremer, e confesso que fiquei apreensivo se ela caísse sobre mim...
Chego ao banheiro com o dedo na boca ainda... Abro a torneira, nada. Sem água, sem luz. E meu dedo ainda sangrando... Maldita tempestade! Sento no chão do banheiro xingando baixo essa situação. Tento me lembrar onde deixara meu relógio, quero saber que horas são. Está na casa da Sarah, merda! Preciso achar meu celular. Levanto-me depressa e vou rápido ao meu quarto... Tateio a parte da estante onde costumo deixar meu celular, e quando o encontro... Sem bateria. Merda. 
Vou até a janela para matar o tédio. Olho a tempestade lá fora, trovões gigantescos, a chuva não para, o vento derrubara árvores e empurrara carros no meio da rua. Não vejo ninguém encarando a tempestade. Bem distante, no meio das milhares de nuvens, a Lua aparece, radiante e brilhante. Uma chuva com um luar esplêndido. Penso em amoras. Amoras? Por que amoras? Lembro-me da fazenda do meu pai. Hectares de plantações, eu dentro da plantação de pés de amoras silvestres. Dezenas de abelhas me seguindo e eu com minha velha mãe correndo por entre os troncos, e logo após a plantação encontrando um lago, que meu velho dizia para não saltar dentro dele pois havia peixes carnívoros. Sem pensar minha mãe saltou e me levou junto. Ela me abraçara e esperava as abelhas irem embora... Foi um dos momentos que mais senti medo. A água gelada me fazia sentir frio. E a melhor coisa que lembro-me é o abraço caloroso da minha mãe e suas palavras: "Eu estou aqui filho, eu estou aqui.".
Meu rosto estava molhado, pensei logo em dizer que era a chuva, mas senti uma água salgada sobre meus lábios e então percebi que estava chorando. A solidão me consumira sem eu perceber. Quero sair daqui. Quero logo sair da solidão do escuro do meu quarto. Preciso de um abraço apertado. Preciso de palavras dizendo que tudo ficará bem... Preciso de amoras. Droga! Amoras de novo?
Um momento a mais e eu ficarei louco, preciso dormir. Deito por cima de tantas roupas e lençóis, limpo meu rosto com alguma camiseta debaixo de mim, olho para o teto, sinto o cheiro forte da minha cama outra vez. Amoras, sinto o cheiro de amoras.
Marcus James